Aprenda

5 de set. de 2025

O que são stablecoins e por que elas estão redefinindo pagamentos na américa latina

O que dados de 2025 revelam sobre regulação, infraestrutura e crescimento dos tokens pareados ao real e ao peso mexicano

Marca Lumx em um fundo gradiente com símbolo de moeda branca (dólar) em contornos circulares representando stablecoins
Marca Lumx em um fundo gradiente com símbolo de moeda branca (dólar) em contornos circulares representando stablecoins
Marca Lumx em um fundo gradiente com símbolo de moeda branca (dólar) em contornos circulares representando stablecoins

Nos últimos cinco anos, as stablecoins deixaram de ser vistas como experimentos marginais dentro do universo cripto para se tornarem protagonistas de uma transformação financeira de escala global. Essa virada é particularmente visível na América Latina, onde economias historicamente marcadas por instabilidade cambial, inflação persistente e barreiras de acesso ao sistema bancário tradicional encontraram nessas moedas digitais estáveis uma solução prática para problemas antigos. Não se trata apenas de tecnologia: stablecoins respondem a dores reais da região, funcionando ao mesmo tempo como reserva de valor, meio de pagamento, ferramenta de tesouraria e alternativa a sistemas de compensação internacional caros e lentos.

Estudos recentes confirmam essa mudança de paradigma. O relatório Stablecoin Payments: The Trillion Dollar Opportunity, elaborado pela Keyrock em parceria com a Bitso, projeta que até 2030 os pagamentos com stablecoins devem ultrapassar a marca de um trilhão de dólares, o que representaria cerca de 12% de todos os fluxos internacionais. Em outras palavras, em menos de uma década, uma parte significativa do dinheiro que cruza fronteiras poderá estar circulando em blockchains, liquidados em segundos, com custos reduzidos e previsibilidade muito maior do que a oferecida pelas infraestruturas tradicionais como SWIFT.

A América Latina desponta como um dos epicentros desse movimento. De acordo com o estudo The Money Layer: LATAM Crypto 2025 Report, publicado pela Dune, mais de 90% de todo o volume transacionado em exchanges da região em meados de 2025 foi realizado em stablecoins, com predominância do USDT e do USDC. Esse número não deixa dúvidas: o mercado regional já não enxerga os tokens estáveis como alternativas periféricas, mas como o motor central da economia digital.

Adoção corporativa: de tesouraria a pagamentos B2B

Embora as stablecoins tenham chegado primeiro às mãos de indivíduos em busca de proteção contra a desvalorização de moedas locais, o movimento mais transformador dos últimos dois anos foi sua consolidação como ferramenta corporativa. O relatório Stablecoins Landscape in Latin America – First Half of 2025, da Bitso Business, mostra que empresas passaram a incorporar esses ativos em atividades de tesouraria, câmbio instantâneo, pagamentos B2B e arbitragem de preços entre diferentes jurisdições.

Os números falam por si. Entre a segunda metade de 2024 e o fim do primeiro semestre de 2025, a participação das stablecoins no volume total processado pela Bitso Business dobrou. No mesmo período, segmentos como agregadores de pagamento e empresas de gaming ampliaram massivamente seu uso desses ativos. Os agregadores cresceram 68% em número de clientes atendidos, enquanto o setor de jogos digitais aumentou em mais de cinco vezes a base de empresas que utilizam stablecoins para pay-ins e pay-outs internacionais. Esses casos demonstram que o apelo não se limita a reduzir custos de operação, mas também envolve a capacidade de escalar globalmente sem a necessidade de múltiplas integrações bancárias locais.

Outro dado relevante do relatório da Bitso é que, já em 2025, transações ligadas a tesouraria, câmbio e arbitragem superaram as operações de remessas e passaram a representar 45% do volume total processado pela empresa no período. A leitura é clara: as stablecoins deixaram de ser apenas um instrumento útil para envio de dinheiro entre pessoas e se tornaram parte da engrenagem estratégica das finanças corporativas. Empresas agora podem manter liquidez em dólar digitalizado, proteger-se de choques cambiais locais e movimentar valores significativos em segundos, sem depender da morosidade e dos altos custos de bancos tradicionais.

Esse avanço na adoção corporativa traz consigo um efeito sistêmico importante. Quanto mais empresas utilizam stablecoins em suas operações diárias, mais elas se inserem de forma definitiva nas cadeias de valor globais. Já não se trata de um recurso complementar, mas de uma infraestrutura que redefine a competitividade das companhias latino-americanas no cenário internacional.

Exchanges e volume em alta: números que impressionam

Se há uma métrica que ilustra com clareza a maturidade do mercado latino-americano de stablecoins, é o crescimento dos volumes processados em exchanges locais. De acordo com The Money Layer: LATAM Crypto 2025 Report, o salto foi impressionante: em 2021, o volume anual girava em torno de 3 bilhões de dólares. Três anos depois, em 2024, esse número alcançou 27 bilhões — um crescimento de nove vezes em apenas um ciclo de adoção. Somente a Bitso foi responsável por mais de 25 bilhões de dólares nesse período, um avanço de mais de 1.100% em quatro anos.

Os dados de 2025 reforçam que esse não foi um fenômeno passageiro. Até julho daquele ano, as exchanges da região já tinham processado mais de 11 bilhões de dólares, com mais de 90% das transações realizadas em stablecoins como USDT e USDC. Isso significa que, mesmo após o pico de interesse cripto dos anos anteriores, o uso de tokens estáveis não apenas resistiu, como se consolidou como padrão de mercado. Essa preferência é um indicativo de maturidade: menos especulação em ativos voláteis e mais uso pragmático de ferramentas financeiras que oferecem estabilidade e eficiência.

Esse crescimento não se limita aos grandes mercados. Países como Colômbia e Argentina também registraram aumento consistente na participação de stablecoins nos volumes processados, com crescimento de dois pontos percentuais cada entre 2024 e 2025. Embora ainda atrás de México e Brasil, essas praças confirmam que a adoção está se espalhando de maneira estruturada por toda a região.

Stablecoins locais: o boom do Real e do Peso Mexicano

Um dos pontos mais fascinantes dos relatórios analisados é o crescimento das stablecoins indexadas a moedas locais. Se no início o mercado girava em torno de tokens dolarizados, como USDT e USDC, a partir de 2023 e 2024 começaram a ganhar corpo iniciativas lastreadas em moedas nacionais, principalmente o Real brasileiro e o Peso mexicano.

O Brasil talvez seja o caso mais emblemático. Em 2021, o volume transacionado em stablecoins pareadas ao Real era modesto, pouco acima de 110 milhões de reais. Em julho de 2025, esse número já beirava 5 bilhões. O salto em número de usuários é ainda mais ilustrativo: de menos de 800 para mais de 90 mil no mesmo intervalo. Isso mostra que o tokenizado em moeda local deixou de ser um experimento restrito a nichos e passou a ser incorporado por empresas e usuários comuns em operações rotineiras.

No México, o fenômeno se repete. O token MXNB, indexado ao Peso mexicano, viu seu número de usuários crescer quase 300% entre julho de 2024 e julho de 2025, atingindo dezenas de milhares de transações mensais. Já o MXNe, emitido por outra iniciativa local, alcançou o recorde de 637 milhões de pesos movimentados em um único mês, com tíquete médio de transação próximo de 300 mil pesos, um sinal claro de que instituições e grandes empresas já estão utilizando esses ativos em operações de maior escala.

Esses números apontam para a formação de um ecossistema híbrido, no qual stablecoins dolarizadas convivem com stablecoins locais, interoperando entre si e com sistemas de pagamento tradicionais. Na prática, isso cria um ambiente em que empresas podem escolher com mais flexibilidade a moeda mais adequada para cada operação, reduzindo custos cambiais e aumentando a previsibilidade de fluxos internacionais.

Regulação: o caso do Brasil

O avanço das stablecoins na América Latina exige, inevitavelmente, uma adaptação regulatória. No Brasil, o Banco Central assumiu a liderança desse processo ao lançar consultas públicas específicas para discutir o enquadramento dos ativos virtuais, incluindo as stablecoins. Esse movimento sinaliza não apenas a intenção de monitorar o setor, mas também de criar as bases para uma integração estável entre inovação tecnológica e o sistema financeiro tradicional.

A consulta pública realizada em 2024 e estendida para 2025 trouxe à mesa temas como a supervisão de prestadores de serviços de ativos virtuais e as condições sob as quais stablecoins devem operar dentro da estrutura cambial do país. Embora ainda não exista uma regulamentação definitiva, o processo demonstra abertura da autoridade reguladora para dialogar com empresas, associações de mercado e a sociedade em geral.

O Banco Central tem se posicionado como um facilitador dessa transição, reconhecendo a relevância das stablecoins para pagamentos, remessas e operações corporativas, ao mesmo tempo em que busca estabelecer mecanismos de transparência e segurança para usuários e instituições. Trata-se de um processo em andamento, que deve resultar em novas determinações e maior clareza regulatória até o fim de 2025.

Implicações estratégicas para empresas e instituições financeiras

O avanço das stablecoins na América Latina não pode mais ser lido como uma curiosidade tecnológica. Os dados trazidos pelos relatórios de 2025 revelam uma mudança estrutural na forma como valores circulam dentro e fora da região. Para empresas e instituições financeiras, isso gera um conjunto de implicações estratégicas que vão muito além de ganhos operacionais.

Em primeiro lugar, há a questão da competitividade internacional. Uma empresa que depende exclusivamente de sistemas legados para processar pagamentos internacionais enfrenta prazos de até três dias úteis e custos que podem consumir margens inteiras de operação. Ao incorporar stablecoins em seus fluxos, essa mesma empresa pode reduzir custos em mais de 80% e liquidar operações em segundos, criando uma vantagem competitiva concreta em relação a concorrentes que permanecem presos a processos tradicionais.

Outro ponto crítico é a gestão de risco cambial. Em mercados como Argentina ou Colômbia, a volatilidade das moedas locais compromete a previsibilidade de qualquer planejamento de médio prazo. Ao manter parte da tesouraria em stablecoins lastreadas em dólar ou em moedas locais tokenizadas, as empresas conseguem proteger seu caixa, reduzir a exposição a choques macroeconômicos e ganhar flexibilidade para operar em diferentes jurisdições.

Para instituições financeiras tradicionais, a ascensão das stablecoins também representa uma oportunidade. Longe de substituir bancos, esses ativos digitais podem funcionar como infraestrutura complementar, permitindo a oferta de novos serviços, como liquidação instantânea, carteiras digitais multimoeda e integração direta com sistemas globais de pagamentos. Não por acaso, exchanges, fintechs e bancos começam a disputar espaço na construção dessa nova camada financeira.

Perspectivas até 2030

Se a fotografia atual já é impactante, o futuro próximo promete ainda mais transformação. O relatório Stablecoin Payments: The Trillion Dollar Opportunity estima que, até o fim da década, stablecoins possam representar 12% de todos os pagamentos internacionais, movimentando mais de 1 trilhão de dólares por ano. Essa cifra equivale a criar, em menos de dez anos, uma infraestrutura paralela de pagamentos com escala comparável a sistemas que levaram décadas para se consolidar.

Para a América Latina, essa perspectiva é especialmente relevante. A região já figura entre as que mais adotam criptoativos no mundo, não por modismo, mas por necessidade prática. A combinação de inflação crônica, custos elevados de remessas e alta penetração de smartphones cria o terreno perfeito para que stablecoins não apenas floresçam, mas se tornem padrão.

Outro vetor de crescimento é a evolução regulatória. À medida que países como Brasil e México avançam na definição de regras claras, a barreira de entrada para players institucionais diminui. Isso significa que não apenas startups ou fintechs, mas também bancos, fundos de investimento e grandes corporações passarão a considerar stablecoins como parte natural de suas estratégias financeiras.

Por fim, o crescimento das stablecoins locais adiciona uma camada de sofisticação ao mercado. Se hoje o dólar digital domina os fluxos, em poucos anos poderemos ver um cenário em que reais e pesos tokenizados circulam lado a lado, integrados a sistemas regionais e interoperando com stablecoins dolarizadas. Esse futuro híbrido não apenas aumenta a eficiência das transações, mas também reforça a autonomia monetária da região.

A posição da Lumx nessa transformação

É nesse contexto que a Lumx se posiciona como parceira estratégica para bancos, fintechs e provedores de serviços de pagamento. Nossa missão é fornecer a infraestrutura necessária para que empresas incorporem stablecoins em seus fluxos financeiros de forma eficiente, segura e escalável.

Com tecnologia robusta, oferecemos contas digitais multimoeda, orquestração inteligente entre fiat e stablecoins, liquidação instantânea via API e integração com rails de pagamento locais e internacionais. Isso significa que nossos clientes podem não apenas experimentar com stablecoins, mas utilizá-las em escala, com compliance de ponta e alinhamento às regulamentações em evolução.

Ao conectar stablecoins às operações do dia a dia, ajudamos empresas a reduzir custos, melhorar a previsibilidade de caixa e expandir sua atuação global. Mais do que acompanhar uma tendência, capacitamos nossos parceiros a liderar a transformação que já está em curso na América Latina.

Se você quer explorar como a integração de stablecoins pode potencializar suas operações, marque uma call com nosso time.

Fontes

Este artigo utilizou como base os relatórios Stablecoins Landscape in Latin America – First Half of 2025 (Bitso Business), Stablecoin Payments: The Trillion Dollar Opportunity (Keyrock & Bitso) e The Money Layer: LATAM Crypto 2025 Report (Dune).

Equipe Lumx

fale com nosso time

Pronto para transformar seu negócio com stablecoins?

Descubra como nossa infraestrutura pode integrar stablecoins às suas operações financeiras de forma rápida, segura e eficiente.

Ao se inscrever, você concorda com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade, com todas as leis e regulamentos aplicáveis, e concorda que é responsável por cumprir com quaisquer e todas as leis locais aplicáveis.

Lumx S.A (Lumx) é uma empresa de tecnologia e desenvolvimento de contratos inteligentes. A Lumx não é uma corretora ou instituição financeira e não realiza nenhuma conduta ou transações que exijam tal registro. Todos os produtos financeiros são oferecidos por e através de instituições financeiras diretamente. A Lumx não faz nenhuma recomendação para a compra ou venda de ativos digitais. Nossos produtos e serviços são oferecidos em jurisdições limitadas, portanto, entre em contato com nossa equipe de vendas para mais informações e consulte nossos Termos de Uso.

© 2025 Lumx SA. Todos os direitos reservados.

Ao se inscrever, você concorda com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade, com todas as leis e regulamentos aplicáveis, e concorda que é responsável por cumprir com quaisquer e todas as leis locais aplicáveis.

Lumx S.A (Lumx) é uma empresa de tecnologia e desenvolvimento de contratos inteligentes. A Lumx não é uma corretora ou instituição financeira e não realiza nenhuma conduta ou transações que exijam tal registro. Todos os produtos financeiros são oferecidos por e através de instituições financeiras diretamente. A Lumx não faz nenhuma recomendação para a compra ou venda de ativos digitais. Nossos produtos e serviços são oferecidos em jurisdições limitadas, portanto, entre em contato com nossa equipe de vendas para mais informações e consulte nossos Termos de Uso.

© 2025 Lumx SA. Todos os direitos reservados.

Ao se inscrever, você concorda com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade, com todas as leis e regulamentos aplicáveis, e concorda que é responsável por cumprir com quaisquer e todas as leis locais aplicáveis.

Lumx S.A (Lumx) é uma empresa de tecnologia e desenvolvimento de contratos inteligentes. A Lumx não é uma corretora ou instituição financeira e não realiza nenhuma conduta ou transações que exijam tal registro. Todos os produtos financeiros são oferecidos por e através de instituições financeiras diretamente. A Lumx não faz nenhuma recomendação para a compra ou venda de ativos digitais. Nossos produtos e serviços são oferecidos em jurisdições limitadas, portanto, entre em contato com nossa equipe de vendas para mais informações e consulte nossos Termos de Uso.

© 2025 Lumx SA. Todos os direitos reservados.