Stable News é a curadoria semanal da Lumx, dedicada a destacar os principais movimentos em stablecoins, infraestrutura digital e o futuro dos pagamentos globais.
Nesta edição, os sinais de maturidade institucional se tornam explícitos. Dos Estados Unidos ao Japão, observa-se um alinhamento cada vez mais claro entre reguladores, bancos e grandes empresas em torno de um mesmo entendimento: stablecoins deixaram de ser uma promessa tecnológica e passaram a ocupar um papel estrutural na nova arquitetura financeira. Ainda que com nuances regionais, o movimento é amplamente coordenado.
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FSOC suaviza discurso e reconhece avanço regulatório com stablecoins nos EUA
O Financial Stability Oversight Council (FSOC) publicou seu relatório anual de 2025 com uma mudança relevante de tom em relação às stablecoins. Pela primeira vez desde que passou a monitorar o setor, o órgão deixou de classificá-las como um risco sistêmico iminente e destacou o GENIUS Act como um ponto de inflexão regulatória.
O relatório reconhece que a legislação trouxe clareza federal para emissores de stablecoins de pagamento, criando incentivos à inovação sem comprometer a estabilidade financeira. Também aponta avanços importantes na postura das agências bancárias, que passaram a permitir de forma mais explícita a atuação de instituições reguladas com ativos digitais, incluindo custódia, tokenização e uso de blockchains públicas.
Essa inflexão institucional reflete um ambiente político mais construtivo e uma percepção crescente de que, sob enquadramento adequado, stablecoins podem reforçar, e não fragilizar, o sistema financeiro.
Por que isso importa:
✅ Maior estabilidade jurídica acelera a adoção institucional nos EUA
✅ O discurso oficial passa a reconhecer o papel econômico das stablecoins
✅ O FSOC abre caminho para integração bancária com ativos digitais
Circle, Ripple, Paxos, Fidelity e BitGo recebem aprovação bancária federal
O Office of the Comptroller of the Currency (OCC) aprovou, de forma condicional, pedidos de charter bancário federal para Circle, Ripple, Paxos, BitGo e Fidelity. Juntas, essas instituições são responsáveis por stablecoins como USDC, RLUSD, PYUSD e USDS, que já superam US$ 313 bilhões em valor de mercado.
A decisão marca a entrada definitiva desses emissores no sistema bancário nacional dos EUA e reconhece seu papel como infraestrutura crítica do sistema financeiro moderno. Outros players relevantes, como Coinbase, Crypto.com e Stripe, aguardam decisões semelhantes.
O movimento consolida a institucionalização acelerada do setor, com stablecoins sendo tratadas como instrumentos legítimos da arquitetura bancária tradicional.
Por que isso importa:
✅ Emissores passam a operar sob supervisão bancária federal
✅ Cria precedentes para integração total com o sistema financeiro
✅ Reforça o GENIUS Act como catalisador da adoção institucional
YouTube passa a permitir pagamentos a criadores via PYUSD
De acordo com a Fortune, criadores de conteúdo nos Estados Unidos agora podem receber pagamentos do YouTube em PYUSD, a stablecoin da PayPal. A integração utiliza a infraestrutura existente da PayPal, sem exigir que a plataforma do Google opere diretamente com ativos digitais.
A iniciativa amplia o alcance prático das stablecoins em um dos maiores ecossistemas digitais do mundo e ilustra como a liquidação on-chain pode ser integrada de forma invisível ao usuário final. Desde setembro, o PYUSD cresceu de US$ 1 bilhão para US$ 3,9 bilhões em capitalização, impulsionado por integrações institucionais.
Por que isso importa:
✅ Stablecoins entram em escala massiva sem fricção para usuários
✅ Modelos de payout em dólar on-chain ganham tração global
✅ PYUSD se consolida na estratégia da PayPal para pagamentos digitais
Visa cria unidade global dedicada exclusivamente a stablecoins
A Visa anunciou a criação da Stablecoins Advisory Practice, uma divisão global de consultoria focada exclusivamente em stablecoins. A unidade oferecerá suporte estratégico, técnico e comercial para bancos, fintechs e comerciantes que desejam desenvolver e escalar produtos baseados nesses ativos.
A iniciativa formaliza um trabalho que a Visa já vinha conduzindo: atualmente, existem mais de 130 programas de cartões vinculados a stablecoins em mais de 40 países, com bilhões de dólares em volume anualizado via USDC.
Ao estruturar stablecoins como uma linha de negócio própria, a Visa reforça a tese de que esses ativos representam a principal camada de pagamento on-chain, enquanto o Bitcoin assume um papel cada vez mais associado a reserva de valor e colateral.
Por que isso importa:
✅ Stablecoins ganham unidade dedicada na maior bandeira do mundo
✅ Visa consolida stablecoins como “dinheiro transacional” da criptoeconomia
✅ Educação e suporte aceleram a adoção no sistema financeiro tradicional
Japão acelera modelo de stablecoin regulada em iene para 2026
A SBI Holdings e a Startale anunciaram planos para emitir uma stablecoin totalmente regulada em iene, via Shinsei Trust, com foco em ativos tokenizados e liquidação cross-border a partir de 2026. O projeto contará com integração à SBI VC Trade, que já opera com USDC e planeja distribuir a RLUSD da Ripple.
A iniciativa ocorre em sinergia com o sandbox regulatório da Financial Services Agency (FSA), que autorizou pilotos envolvendo stablecoins emitidas por três dos maiores bancos japoneses. O modelo introduz um iene programável, operado por trust banks e interoperável com mercados globais.
O Japão avança com uma abordagem pragmática, centrada em estabilidade, interoperabilidade e uso institucional, consolidando-se como um dos hubs regulatórios mais sofisticados do mundo em ativos digitais.
Por que isso importa:
✅ Japão estrutura stablecoin regulada com foco em ativos tokenizados
✅ Trust banks ganham papel central na nova arquitetura financeira
✅ Estratégia fortalece a competitividade do iene no ambiente on-chain
O pano de fundo desta semana revela mais do que eventos isolados. Ele aponta para a formação de um consenso institucional, ainda que heterogêneo, sobre o papel estratégico das stablecoins no sistema financeiro global.
Bancos, reguladores e grandes empresas não estão mais apenas testando: estão regulando, emitindo, integrando e distribuindo stablecoins com ambição de escala.
Trata-se da transição definitiva das stablecoins da borda do sistema para o seu centro operacional.
Até a próxima edição.








