Stable News é a curadoria semanal da Lumx, dedicada a destacar os principais movimentos em stablecoins, tokenização e pagamentos digitais na economia global.
Nesta edição, a Stripe surpreende o mercado ao lançar seu próprio blockchain e alcançar US$ 5 bilhões em valuation, o Japão e Cingapura se consolidam como polos estratégicos na corrida asiática por moedas digitais, o OCC adota uma postura mais construtiva em relação às stablecoins nos Estados Unidos, e um investidor veterano reacende o debate sobre o poder, e os riscos, do dinheiro digital privado.
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Tempo, o blockchain da Stripe, atinge US$ 5 bilhões em valuation
A Stripe, uma das maiores empresas de pagamentos do mundo, viu sua nova blockchain Tempo atingir uma avaliação de US$ 5 bilhões em uma rodada de US$ 500 milhões, liderada por Thrive Capital e Greenoaks.
O projeto, anunciado em setembro, propõe uma Layer-1 otimizada para pagamentos e stablecoins, voltada à escalabilidade e ao uso corporativo. Segundo a empresa, as blockchains atuais “não foram feitas para lidar com o volume e as necessidades do sistema financeiro global”, e o Tempo nasce justamente para preencher essa lacuna.
Com apoio da Paradigm e equipes técnicas vindas de projetos open source, a Stripe se posiciona como uma concorrente direta da Circle (USDC) e de outras redes que constroem a infraestrutura descentralizada das finanças digitais.
Por que isso importa:
✅ A Stripe entra na disputa pela camada base da infraestrutura financeira global.
✅ Representa a institucionalização da tese de “fintechs virando infraestrutura”.
✅ Mostra que o GENIUS Act abriu espaço para uma nova corrida: fintechs, bancos e emissores competindo pelo controle da liquidez digital.
Ásia disputa liderança global das stablecoins
Enquanto os Estados Unidos consolidam o marco regulatório do GENIUS Act, a Ásia se move rapidamente para definir seus próprios modelos de stablecoin.
O Japão lidera com um consórcio formado pelos principais bancos do país, MUFG, Mizuho e Sumitomo Mitsui, que planejam emitir uma stablecoin lastreada em iene até 2026. Já a China adota uma abordagem mais restritiva, bloqueando iniciativas em Hong Kong e reforçando o domínio estatal sobre as infraestruturas digitais de liquidez.
Por outro lado, Cingapura segue o caminho oposto, com a XSGD, stablecoin da StraitsX supervisionada pela Monetary Authority of Singapore, se tornando referência de transparência e boas práticas regulatórias no continente.
Por que isso importa:
✅ A Ásia se consolida como laboratório global de modelos regulatórios para stablecoins.
✅ O Japão desponta como polo institucional, enquanto Cingapura mantém o papel de hub de inovação.
✅ A corrida asiática reflete uma disputa geopolítica sobre quem define os padrões do dinheiro digital.
Wise indica movimento rumo às stablecoins
A Wise (ex-TransferWise), referência global em transferências internacionais, abriu uma vaga para líder de produto em ativos digitais com foco em stablecoins, sinal claro de que a empresa pretende integrar essa tecnologia à sua infraestrutura de pagamentos.
O cargo, divulgado pelo diretor de produto da companhia, sugere que a Wise estuda permitir a custódia e movimentação de stablecoins diretamente dentro das contas dos usuários. O movimento ocorre em um cenário de regulações mais maduras nos EUA, Europa e Ásia, tornando a integração cada vez mais estratégica.
Por que isso importa:
✅ Indica a convergência entre fintechs tradicionais e infraestrutura cripto.
✅ Representa um avanço na adoção real da tecnologia de stablecoins.
✅ Mostra como o apelo por liquidez global e instantânea está atraindo empresas já consolidadas.
Regulador americano minimiza riscos de “corrida bancária digital”
O chefe do Office of the Comptroller of the Currency (OCC), Jonathan Gould, afirmou que o risco de uma “corrida bancária” causada por stablecoins é superestimado.
Durante evento da American Bankers Association, Gould afirmou que qualquer impacto sobre os depósitos bancários seria gradual e monitorável, e destacou que o setor financeiro deve enxergar as stablecoins como uma ferramenta competitiva, não uma ameaça.
A fala surge em meio à pressão de bancos americanos para limitar brechas do GENIUS Act, que permitem que parceiros de emissores ofereçam rendimento sobre stablecoins.
Por que isso importa:
✅ Indica uma mudança de tom dos reguladores dos EUA em direção à cooperação.
✅ O OCC começa a reconhecer o valor estratégico das stablecoins na modernização bancária.
✅ A agenda americana passa de reativa para colaborativa no campo regulatório.
Stablecoins como “moedas digitais corporativas”?
Encerrando a semana, o investidor Jeremy Kranz, da Sentinel Global, reacendeu o debate ao afirmar que as stablecoins privadas podem estar se tornando as verdadeiras “Central Business Digital Currencies”, versões corporativas das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs).
Segundo Kranz, stablecoins emitidas por grandes empresas concentram riscos de governança privada e vigilância contratual, ainda que sob o discurso de inovação. Ele defende que o futuro das finanças digitais dependerá de educação, transparência e leitura crítica por parte de usuários e investidores.
Por que isso importa:
✅ A discussão sobre stablecoins ultrapassa o campo técnico e entra no político e filosófico.
✅ A fronteira entre o que é público e privado no dinheiro digital está cada vez mais difusa.
✅ Transparência e descentralização permanecem como os pilares da confiança digital.
Da Stripe lançando sua própria blockchain à Ásia disputando liderança e fintechs como a Wise se aproximando da infraestrutura cripto, o mercado global avança para uma nova fase: finanças tradicionais e digitais convergindo em um mesmo código.
Mas o alerta de Kranz é oportuno, o desafio não é apenas construir uma nova arquitetura financeira, e sim garantir que ela preserve liberdade, confiança e transparência.
O sistema financeiro está se reescrevendo em tempo real, e as intenções por trás do código definirão o rumo dessa nova economia.
Até a próxima edição.
