Stable News é a curadoria semanal da Lumx sobre os principais avanços em stablecoins, tokenização e pagamentos digitais. Nesta edição, destaque para a estreia da blockchain Tempo pela Stripe, o relatório do Goldman Sachs que consolida o papel das stablecoins no sistema financeiro, a escalada de Ethereum como plataforma dominante em RWAs, a disputa pelo stablecoin USDH na Hyperliquid, e a adoção em massa de stablecoins na Venezuela.
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Stripe e Paradigm apresentam a Tempo, blockchain dedicada a pagamentos
Stripe e Paradigm anunciaram a Tempo, uma layer-1 otimizada para pagamentos e stablecoins. A rede, compatível com EVM, promete mais de 100 mil transações por segundo, taxas baixas e a possibilidade de pagar gas em qualquer stablecoin. Entre os parceiros de design estão Visa, Shopify e OpenAI.
O anúncio conecta-se ao movimento analisado na Stable News #95, quando destacamos a corrida de grandes players por blockchains próprias. Agora, a Stripe mostra seu diferencial: criar uma infraestrutura voltada exclusivamente a pagamentos, com foco em liquidez, privacidade e integração com fluxos do mundo real como e-commerce, payroll e remessas.
Por que isso importa:
✅ Blockchains voltadas a pagamentos podem reduzir drasticamente custos em comparação com cartões tradicionais.
✅ O domínio sobre a infraestrutura garante às empresas vantagem estratégica na “última milha” entre blockchain e economia real.
✅ A disputa evidencia o paradoxo: stablecoins prometem descentralização, mas o avanço corporativo pode recriar silos e concentração de poder.
Goldman Sachs: 2025 é o “verão das stablecoins”
O novo relatório Top of Mind, do Goldman Sachs, classifica 2025 como o momento de consolidação das stablecoins no sistema financeiro global. Entre os pontos-chave estão a clareza regulatória trazida pelo GENIUS Act, a explosão da demanda por dólares no exterior, o papel das stablecoins em reduzir pré-financiamento no comércio e os riscos de fragmentação monetária.
A análise reconhece que, embora as stablecoins não substituam de imediato redes como Visa e Mastercard, já são parte do sistema, aumentando eficiência e liquidez. E, ao contrário das previsões alarmistas do setor bancário, o Goldman considera improvável uma fuga em massa de depósitos, a não ser que stablecoins superem os bancos em segurança e rentabilidade.
Por que isso importa:
✅ A visão de uma instituição como o Goldman legitima stablecoins como classe de ativos financeiros estruturais.
✅ O relatório reforça que stablecoins não ameaçam apenas bancos, mas reconfiguram cadeias de liquidez global.
✅ Ao mesmo tempo, levanta o alerta: múltiplos emissores podem fragmentar a “singularidade do dinheiro”, ampliando riscos sistêmicos.
Ethereum atinge US$ 165 bi em stablecoins e amplia domínio em RWAs
Ethereum registrou entradas de quase US$ 5 bilhões em stablecoins em apenas uma semana, alcançando US$ 165 bilhões em supply, mais que o dobro desde janeiro de 2024 e 57% de market share global. Além disso, o ativo tokenizado em maior ascensão na rede foi o ouro, que chegou a US$ 2,4 bilhões.
Com mais de 70% de participação em Treasuries tokenizados e a recente entrada de gigantes como Fidelity, que lançou fundo de T-Bills onchain, Ethereum se consolida como a infraestrutura preferida para RWAs. Essa dominância combina liquidez, “neutralidade crível” e confiança institucional, fortalecendo o ETH como ativo estratégico.
Por que isso importa:
✅ Ethereum confirma sua posição como principal hub global de stablecoins e RWAs, superando concorrentes como Tron e Solana.
✅ A presença crescente de instituições como Fidelity reforça a legitimidade da tokenização no mercado financeiro.
✅ A valorização do ETH mostra como o alinhamento entre uso institucional e neutralidade onchain pode impulsionar ativos nativos.
Hyperliquid desafia Circle com disputa pelo USDH
A Hyperliquid, DEX que concentra 70% do mercado de perpétuos descentralizados, lançou processo para escolha do emissor do seu stablecoin nativo, o USDH. A votação dos validadores mobilizou propostas de players como Paxos, Sky (ex-Maker), Agora (com apoio da MoonPay), Native Markets e até a possibilidade de Stripe via Tempo.
O desenho do USDH prevê compartilhar quase toda a receita de reservas com o ecossistema: validadores, fundos de assistência e recompra de tokens HYPE. Esse modelo ameaça diretamente a Circle, já que só em Hyperliquid a receita atual com USDC chega a US$ 200 milhões anuais (quase 10% do faturamento da empresa).
Por que isso importa:
✅ A disputa pelo USDH mostra a nova fronteira: stablecoins como arma competitiva entre protocolos e corporações.
✅ Modelos que redistribuem yield para a comunidade desafiam a lógica centralizada de captura de valor.
✅ Circle, Stripe e outros gigantes agora competem diretamente com protocolos nativos em busca de controle sobre as “rails” financeiras.
Venezuela: stablecoins substituem o bolívar em meio à inflação de 229%
Com a inflação anual em 229%, stablecoins como o USDt tornaram-se moeda corrente na Venezuela, conhecidas popularmente como “dólares Binance”. Hoje, são usadas em salários, taxas de condomínio e compras cotidianas, superando o bolívar, cuja taxa oficial de câmbio é amplamente ignorada em favor da liquidez e estabilidade das stablecoins.
Segundo a Chainalysis, o país já ocupa a 9ª posição mundial em adoção cripto per capita, com 47% das transações abaixo de US$ 10 mil realizadas em stablecoins. Essa prática transformou as stablecoins em um igualador econômico em um ambiente marcado por exclusão financeira e hiperinflação.
Por que isso importa:
✅ Stablecoins se firmam como moeda funcional em economias em colapso, substituindo sistemas incapazes de preservar valor.
✅ O caso venezuelano mostra que stablecoins já são meio de troca básico, acessível a todas as classes sociais.
✅ Esse padrão sugere que a adoção global pode vir pela necessidade em mercados em crise, antes de se expandir nos grandes centros.
Lumx no Stable Conference 2025, diretamente da Cidade do México
Na semana passada, a Lumx esteve presente em peso na primeira edição do Stablecoin Conference by Bitso, na Cidade do México. A empresa marcou presença com um booth dedicado, onde apresentou demos do produto, além de integrar o painel “Collaborating for Success: Building a Unified Digital Finance Ecosystem”, ao lado de líderes relevantes do setor. Houve ainda a participação em um episódio especial do podcast Stableminded, que deve ir ao ar em breve.
O evento reforçou o protagonismo da América Latina no debate sobre pagamentos digitais, stablecoins e integração de ecossistemas. Cada vez mais, a região se consolida como referência global, atraindo atenção de players e investidores internacionais. Ter uma conferência inteiramente dedicada ao tema apenas confirma esse movimento.
O momento para estar visível no ecossistema nunca foi tão oportuno.
Por fim, também foi anunciada a parceria com o Bitso Business para a segunda temporada do Stable Talks com novidades em breve.
Esta edição reflete o ponto de inflexão das stablecoins: corporações globais construindo blockchains próprias, instituições financeiras tradicionais reconhecendo sua legitimidade, blockchains públicas consolidando dominância em RWAs, e casos extremos como Venezuela mostrando seu uso como moeda corrente.
O futuro dos pagamentos digitais está sendo disputado agora — entre empresas de tecnologia, instituições financeiras e protocolos descentralizados. Para a América Latina, trata-se de oportunidade estratégica: adotar, moldar e liderar esse novo capítulo da economia digital.
Até a próxima edição.