Stable News

19 de ago. de 2025

Blockchains próprias de stablecoins e marcos regulatórios asiáticos

Como grandes players financeiros, governos e países desenvolvem infraestruturas soberanas que redefinem pagamentos globais

Representação da região asiática vista do satélite
Representação da região asiática vista do satélite
Representação da região asiática vista do satélite

A Stable News é a curadoria semanal da Lumx dedicada a informar os principais movimentos sobre stablecoins, tokenização e pagamentos digitais na economia global. Nesta edição, destacam-se o desenvolvimento de blockchains proprietárias por grandes empresas de pagamentos, o lançamento da primeira stablecoin estadual americana com suporte Visa, marcos regulatórios asiáticos para stablecoins soberanas e os resultados recordes da Circle em seu primeiro trimestre pós-IPO.

Tempo de leitura: 8 minutos

Stripe, Circle e Robinhood lideram corrida por blockchains próprias focadas em pagamentos

O setor de pagamentos digitais testemunha uma tendência estratégica sem precedentes: grandes empresas financeiras desenvolvem blockchains proprietárias especializadas em stablecoins e transações. A Stripe, em parceria com a Paradigm, desenvolve secretamente a "Tempo", uma layer-1 de alta performance compatível com Ethereum e otimizada para transações financeiras. Simultaneamente, a Circle anunciou a "Arc", blockchain purpose-built para "stablecoin finance" com USDC como token nativo de gas, engine de FX integrada e liquidação sub-segundo.

O movimento se expande: Robinhood lançou sua layer-2 voltada à tokenização, Tether desenvolve a "Plasma" e startups como Stable captaram recursos significativos para criar rails especializados. A lógica empresarial é clara, controlar a infraestrutura significa dominar experiência do usuário, reduzir custos operacionais, diferenciar-se em software e capturar valor de cada transação processada.

Contudo, especialistas alertam para riscos dessa fragmentação. A corrida por blockchains privadas pode criar novos silos, reduzindo interoperabilidade e concentrando poder em poucos grandes players, fenômeno similar ao observado quando plataformas abertas da internet deram lugar a gigantes digitais centralizadores. O desafio será equilibrar avanços em escala e experiência com a manutenção dos princípios de interoperabilidade e descentralização que tornaram stablecoins inovadoras.

Por que isso importa:

✅ A fragmentação de rails pode criar ecossistema mais eficiente, mas também riscos de silos e perda da interoperabilidade cripto.
✅ Empresas que controlam distribuição têm vantagem competitiva decisiva na última milha entre blockchain e mundo real.
✅ O paradoxo: stablecoins prometem descentralização, mas a batalha por escala pode concentrar poder em poucos players dominantes.

Circle registra crescimento de 90% em USDC e acelera estratégia de stack completo

A Circle divulgou resultados recordes em seu primeiro trimestre como empresa pública, registrando crescimento de 90% year-over-year na circulação de USDC, que atingiu US$ 61,3 bilhões no final do trimestre e já alcançou US$ 65,2 bilhões em agosto. A receita total cresceu 53% para US$ 658 milhões, enquanto o EBITDA ajustado subiu 52% para US$ 126 milhões, demonstrando escalabilidade do modelo de negócio baseado em stablecoins.

Apesar do prejuízo líquido de US$ 482 milhões, impacto de encargos não-monetários relacionados ao IPO, a empresa reforçou posição dominante no setor. O lançamento da Circle Payments Network e da Arc blockchain, combinado com parcerias estratégicas com Binance, Corpay, FIS, Fiserv e OKX, posiciona a Circle como player de stack completo no ecossistema de stablecoins.

Por que isso importa:

✅ Os números validam stablecoins como negócios sustentáveis e escaláveis, especialmente com clareza regulatória crescente.
✅ A estratégia de stack completo (emissão + infraestrutura + distribuição) pode criar vantagens competitivas duradouras.
✅ A performance pós-IPO sinaliza apetite institucional por exposição ao crescimento de stablecoins reguladas.

Wyoming lança primeira stablecoin estadual dos EUA com integração Visa

Wyoming oficializou o lançamento da Frontier Stable Token (FRNT), tornando-se o primeiro estado americano a emitir stablecoin oficial. Totalmente colaterizada por Treasuries de curto prazo e dólares com reserva mandatória de 102%, a FRNT está disponível em sete blockchains principais e pode ser usada em qualquer local que aceita Visa, incluindo Apple Pay e Google Pay.

O projeto, desenvolvido pela Wyoming Stable Token Commission, representa marco na modernização de processos governamentais. Programas-piloto demonstraram redução de prazos de pagamento de fornecedores de 45 dias para segundos. Wyoming consolida décadas de legislação pró-cripto (mais de 45 leis desde 2016) com aplicação prática inspiradora para outros estados e governos.

Por que isso importa:

✅ Governos locais assumem protagonismo na adoção de stablecoins, criando casos de uso concretos e legitimidade adicional.
✅ A entrada em vigor do GENIUS Act fortalece bases do projeto: FRNT cumpre requisitos federais, facilitando integração interestadual.
✅ A integração com Visa elimina barreiras de usabilidade, aproximando stablecoins do mainstream de pagamentos.

Coreia do Sul avança em framework nacional para stablecoin de won

A Coreia do Sul desenvolve regulamentação abrangente para stablecoins lastreadas em won, com projeto de lei esperado para outubro pela Financial Services Commission (FSC). A iniciativa estabelecerá requisitos para emissão, gestão de colateral e sistemas de controle interno, como parte da segunda fase do Virtual Asset User Protection Act.

O movimento ganhou tração política após campanhas que destacaram necessidade de reduzir dependência de stablecoins dolarizadas, que dominam 99,8% do mercado global. Grandes bancos sul-coreanos estudam joint venture para lançar token won até final de 2025, visando proteger moeda nacional contra crescente dominância do dólar digital.

Por que isso importa:

✅ A Coreia do Sul integra movimento regional asiático de stablecoins soberanas, buscando alternativas ao domínio dolarizado.
✅ A criação de stablecoin won pode fortalecer relações comerciais regionais e reduzir custos de FX para empresas asiáticas.
✅ O timing coordenado sugere estratégia regional para criar alternativa robusta aos rails dominados por emissores americanos.

Japão prepara aprovação da primeira stablecoin yen regulamentada

A fintech japonesa JPYC aguarda aprovação da Financial Services Agency (FSA) para stablecoin lastreada em yen, que se tornará a primeira oficialmente regulamentada no país. Com lançamento esperado em 2025, a empresa projeta emitir US$ 7 bilhões em tokens nos próximos três anos, focando em pagamentos e transferências cross-border.

O CEO Noritaka Okabe posiciona estrategicamente o projeto como "método de pagamento eletrônico", distanciando-se do rótulo de criptoativo especulativo. O Japão estrutura legislação específica para stablecoins desde junho de 2023, com Circle/USDC aprovado como primeiro dólar digital, mas JPYC será pioneiro entre moedas locais.

O movimento ocorre em paralelo a avanços regulatórios em outros países asiáticos, como Coreia do Sul. Essa tendência reflete esforço coordenado regional para criar alternativas ao domínio das stablecoins dolarizadas, fortalecendo soberania monetária e criando pontes multilaterais para comércio internacional. Para países como Brasil, com intenso relacionamento comercial asiático, a proliferação de stablecoins regionais pode destravar novas rotas de eficiência nas relações bilaterais.

Por que isso importa:

✅ O Japão avança criando referência regulatória para stablecoins nacionais, inspirando outros mercados.
✅ A dinâmica asiática de stablecoins locais fortalece soberania financeira e impulsiona colaboração econômica internacional.
✅ Países com laços comerciais asiáticos podem se beneficiar dessa nova infraestrutura, reduzindo custos e aumentando agilidade.

Lumx expande atuação em eventos estratégicos e consolida posição regional

A semana foi marcada por participação ativa em iniciativas que fortalecem o ecossistema de stablecoins na América Latina. A contribuição para o relatório "Stablecoin Payments - The Trillion Dollar Opportunity", parceria entre Keyrock e Bitso, destacou dados críticos: custo médio de US$ 200 via bancos tradicionais chega a 13%, enquanto stablecoins reduzem drasticamente esses valores com liquidação mais rápida.

A participação no Rio Innovation Week, em dois painéis sobre stablecoins e economia digital, reforçou que a América Latina se destaca como região relevante para transformação de pagamentos, com altos níveis de dolarização, gaps bancários e forte demanda por eficiência. As conversas confirmaram transição da experimentação tecnológica para aplicação prática e segura.

A agenda continua com a Stablecoin Conference 2025 na Cidade do México, onde a Lumx terá booth próprio e participação no painel "Collaborating for Success: Building a Unified Digital Finance Ecosystem", discutindo colaboração, inovação e futuro dos pagamentos digitais regionais.

Caio Barbosa no painel: Seu Dinheiro no Piloto Automático - O Futuro das Finanças Invisíveis 

Esta edição evidencia momento único de reestruturação sistêmica dos pagamentos globais: instituições tradicionais competem com players nativos digitais, governos experimentam stablecoins como ferramenta de eficiência pública, países desenvolvem alternativas monetárias soberanas e a América Latina se posiciona como laboratório de inovação prática. Compreender e participar dessas transformações tornou-se estratégico para empresas, governos e profissionais que desejam liderar na economia digital emergente.

Nos vemos na próxima edição. Uma ótima semana e até breve.

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