Stablecoins deixaram de ser assunto de nicho para virar peça estratégica da nova infraestrutura financeira global. Mas por trás das manchetes, dos gráficos de adoção e das promessas de futuro, existe uma pergunta mais importante: quem está transformando essa tese em produto real, com casos de uso legítimos e impacto mensurável?
A resposta, cada vez mais evidente na América Latina, passa pela Lumx.
Fundada em 2022, a Lumx começou sua trajetória na criptoeconomia com iniciativas de Web3 e NFTs, mas foi justamente esse caminho inicial que preparou a empresa para algo maior.
“Percebemos que o verdadeiro valor da infraestrutura que estávamos construindo não estava em campanhas de engajamento, mas em resolver fricções financeiras reais”
conta Caio Barbosa, CEO da Lumx.
Essa mudança de chave levou a empresa por uma curva de aprendizado que incluiu tokenização de ativos reais (como tickets, imóveis e créditos de carbono) até chegar ao ponto atual: ser a camada de orquestração de pagamentos internacionais com stablecoins para empresas que operam da América Latina para o mundo.
De infraestrutura genérica à API especializada: o ajuste de foco que trouxe tração
Durante um bom tempo, a Lumx oferecia um conjunto modular de ferramentas blockchain. Era uma stack versátil, mas sem um ponto focal. “Era possível usar nossa infraestrutura para quase tudo — mas essa flexibilidade, sem um produto específico, gerava atrito. As empresas queriam soluções plug-and-play, não uma caixa de peças soltas.”
Foi no padrão de demanda que o caminho ficou claro: mais de 90% dos pedidos eram voltados a pagamentos. De freelancers a fintechs, de importadores a plataformas globais, todos queriam uma forma mais rápida, barata e estável de mover dinheiro entre países usando stablecoins.
A partir daí, a estratégia mudou: a Lumx passou a construir um produto único com foco total em pagamentos B2B com stablecoins, com APIs que integram rails locais como Pix (Brasil), SPEI (México) e transferências on-chain, suportando casos como tesouraria global, pagamento a fornecedores internacionais e liquidações.
O que diferencia a Lumx em um mar de soluções parecidas
A adoção de stablecoins atraiu uma nova leva de empresas, porém, muitas com produtos tecnicamente similares. Então, por que a Lumx conseguiu ganhar espaço nesse ambiente?
1. Compliance como infraestrutura, não como barreira.
A Lumx está em processo para se tornar um dos primeiros VASPs regulados no Brasil, e segue obtendo licenças em outras jurisdições. Mas o mais relevante é que a regulação faz parte da arquitetura do produto: auditoria automatizada, relatórios financeiros, suporte à geração de compliance interno para clientes — tudo pensado desde o código.
2. Experiência de produto além da API.
Não se trata apenas de “enviar stablecoins” de um país para outro. A Lumx criou um sistema operacional completo para empresas lidarem com sua operação global: APIs bem documentadas, integração média em 5 dias, painéis de controle acessíveis a times não técnicos, suporte a conciliação e relatórios regulatórios. Um verdadeiro OS financeiro, centrado em usabilidade.
3. Acesso direto aos trilhos certos.
Ao invés de depender de intermediários, a Lumx investe em conexão direta com rails locais e provedores de liquidez. Isso dá mais previsibilidade operacional e margem para atuar em mercados como Brasil-China, Brasil-México e Brasil-EUA, onde os desafios cambiais e de integração são mais agudos.
Esse conjunto de diferenciais atraiu parceiros estratégicos. Em 2023, o BTG Pactual entrou no captable da Lumx, reforçando a conexão entre cripto e o mercado financeiro tradicional. Em 2024, a empresa foi selecionada para o programa de aceleração da Bitso, uma das maiores plataformas da região.
Mas quais dores, exatamente, essas empresas estão resolvendo com stablecoins? E como isso se conecta à transformação da infraestrutura financeira da América Latina?
Do discurso à prática: como empresas estão usando stablecoins para operar melhor
Por muito tempo, a imagem das stablecoins esteve ligada a proteção cambial, remessas individuais e uso em mercados paralelos. Mas isso mudou. Hoje, o maior volume de stablecoins em circulação vem de operações corporativas.
A realidade no campo é clara: empresas estão trocando operações complexas e caras por soluções baseadas em stablecoins que trazem liquidez, velocidade e eficiência.
Quatro casos de uso que já estão em produção
1. Tesouraria global com stablecoins
Empresas que operam em múltiplas jurisdições precisam manter capital pré-alocado em contas locais para viabilizar pagamentos, o que é caro, ineficiente e pouco flexível. Com a infraestrutura da Lumx, companhias conseguem manter uma “tesouraria central” em stablecoins (ex: USDC), e fazer pagamentos locais apenas quando necessário. Menos contas, menos conversões, mais agilidade.
2. Importação e exportação com liquidação digital
A maior parte do mercado de câmbio brasileiro é composta por operações de comércio exterior. E quem está exportando para a Ásia, especialmente para a China, já percebeu que os fornecedores por lá aceitam e preferem stablecoins. A Lumx atua como ponte para que importadores brasileiros convertam BRL em stablecoins e façam o pagamento direto, com rastreabilidade e eficiência.
3. Fintechs B2B e cartões corporativos internacionais
Apesar do avanço do sistema bancário no Brasil, ainda há um vácuo: contas globais e cartões corporativos com saldo em dólar acessíveis. A Lumx está construindo a base para que fintechs lancem essas soluções em cima de stablecoins, oferecendo a empresas brasileiras uma maneira mais simples de operar globalmente.
4. Marketplaces, plataformas e pagamentos
Plataformas de freelancers, e-commerces e marketplaces globais enfrentam desafios com prazos e custos de liquidação. Com stablecoins integradas ao backoffice, o repasse a vendedores e prestadores de serviço acontece em minutos e com menos intermediários. A Lumx atende PSPs e processadoras interessadas em embutir stablecoins no fluxo financeiro, impactando diretamente o recebimento de quem está na ponta.
E o consumidor final? Onde entra nessa equação?
O Brasil ainda não tem a penetração visível de pagamentos em USDT que se vê na Argentina ou Venezuela. Por quê? Porque a infraestrutura local funciona. O Pix resolve, e a economia é relativamente mais estável. Mas isso não quer dizer que o uso pessoal de stablecoins não esteja crescendo.
Produtos como contas em dólar lastreadas em stablecoins, cartões pré-pagos internacionais e carteiras autônomas com rendimento têm ganhado tração entre brasileiros que viajam, trabalham com cripto ou buscam alternativas a bancos tradicionais. O caso da Litio, na Colômbia que oferece contas em COP, dólar e euro com rendimento automático via stablecoin é um exemplo do que pode se replicar por aqui.
O que vem pela frente
A Lumx está em plena execução de seu roadmap, mas já de olho em possibilidades interessantes como:
Expansão de trilhos na Ásia, especialmente China e Hong Kong, para facilitar liquidações com exportadores.
Lançamento de soluções de conta com rendimento em stablecoins, respeitando os limites regulatórios de cada mercado.
Integração de cartões e seguros sobre saldo em stablecoins, oferecendo uma experiência bancária real, mas construída sobre infraestrutura digital e autocustodial.
Mais do que surfar o hype, a Lumx escolheu o caminho mais difícil: construir infraestrutura sólida, conectada às regras, às dores e à operação de quem movimenta bilhões todos os dias.
No final do dia, o futuro dos pagamentos não vai ser definido por quem fala mais sobre blockchain, mas por quem consegue tornar seu uso invisível, confiável e eficiente.