A Stable News é a curadoria semanal da Lumx com os principais acontecimentos sobre stablecoins e seus impactos no sistema financeiro global. Nesta edição, acompanhamos como bancos, empresas de remessas, reguladores e plataformas institucionais estão não apenas adotando stablecoins, mas moldando suas regras de funcionamento e camadas de integração. Dos EUA ao Brasil, o que está em jogo é quem define os trilhos da nova liquidação digital.
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Trump sanciona primeira lei federal sobre stablecoins: GENIUS Act redefine regras do jogo
O Congresso americano aprovou e o presidente Donald Trump sancionou o GENIUS Act, a primeira lei federal voltada exclusivamente para stablecoins. A legislação impõe exigências de reservas 100% líquidas, transparência mensal e novas regras de governança para emissores, além de proibir stablecoins algorítmicas não lastreadas.
A lei inaugura um novo momento para o setor nos EUA, com respaldo institucional para emissores como Circle e um empurrão regulatório que pode atrair bancos, fintechs e grandes empresas para o ecossistema. A legislação também marca um ponto de inflexão político, com apoio bipartidário e interesse direto do próprio presidente — que busca consolidar os EUA como hub global de criptoativos.
Por que isso importa:
✅ Estabelece padrões mínimos de transparência, lastro e estrutura legal para emissores de stablecoins.
✅ Reforça o dólar como pilar da economia digital, estimulando a demanda por títulos públicos americanos.
✅ Cria terreno fértil para a adoção institucional de stablecoins por bancos e empresas de tecnologia.
Western Union prepara integração com stablecoins e negocia parcerias cripto
A Western Union anunciou planos de integrar stablecoins em sua infraestrutura de pagamentos internacionais. Em entrevista à Bloomberg, o CEO Devin McGranahan destacou três frentes principais: liquidação cross-border com stablecoins, conversão entre moedas fiduciárias e digitais, e uso como reserva de valor em economias instáveis.
A movimentação vem na esteira do GENIUS Act e revela como empresas tradicionais estão reagindo à nova clareza regulatória. A Western Union já havia testado parcerias com a Ripple no passado, mas agora indica um salto estratégico em direção à adoção prática de stablecoins em grande escala.
Por que isso importa:
✅ Empresas de remessa se reposicionam como players de infraestrutura digital em um mercado que passa por disrupção.
✅ A regulação nos EUA abre espaço para que bancos e incumbentes adotem stablecoins sem barreiras jurídicas.
✅ Confirma a tendência de stablecoins como solução pragmática em regiões com alta volatilidade cambial.
BitGo prepara IPO e sinaliza consolidação da custódia institucional em cripto
A BitGo, uma das maiores custodians de ativos digitais, apresentou um pedido confidencial para abertura de capital junto à SEC. A empresa administra mais de US$ 100 bilhões em ativos e atua com foco em custódia, liquidação e infraestrutura para clientes institucionais.
A decisão de abrir capital acompanha o movimento de outras empresas do setor, como Circle e eToro, e sinaliza a crescente institucionalização do mercado. A BitGo também obteve licença MiCA na Europa e participa ativamente de debates regulatórios nos EUA, posicionando-se como elo entre o sistema bancário tradicional e o ecossistema digital.
Por que isso importa:
✅ O boom institucional das stablecoins impulsiona a demanda por infraestrutura segura e regulada.
✅ O IPO da BitGo fortalece a narrativa de maturidade e transparência no setor de ativos digitais.
✅ A presença em fóruns regulatórios reforça o papel de custodians como peças-chave na nova arquitetura monetária.
Citi apresenta estratégia de stablecoin e depósitos tokenizados
Durante sua última earnings call, o Citi revelou planos para emitir sua própria stablecoin em consórcio com outros bancos e expandir o uso de depósitos tokenizados como camada de liquidação onchain. A CEO Jane Fraser destacou quatro frentes: ramps institucionais, gestão de reservas, tokenização e participação em consórcios.
Em paralelo, um novo whitepaper do Citi mostra que 65% dos participantes do mercado pretendem usar stablecoins, depósitos tokenizados ou sistemas digitais para liquidação de ativos até 2026, superando pela primeira vez as expectativas de uso de CBDCs.
Por que isso importa:
✅ Bancos começam a construir seus próprios trilhos digitais, com modelos mais fechados e interoperáveis.
✅ Depósitos tokenizados se consolidam como alternativa viável e regulada para liquidação em tempo real.
✅ A clareza regulatória acelera o interesse institucional em soluções onchain para tesouraria e mercado secundário.
Novo report da ABToken mostra crescimento orgânico do mercado brasileiro de stablecoins
Um estudo recente da ABToken revelou que 76% das transações com stablecoins no Brasil ocorrem entre pares, fora das exchanges. O relatório também destaca que mais de 9 milhões de brasileiros movimentaram stablecoins no último ano, com destaque para Tether (USDT), que responde por 83% do volume.
Apesar da dominância de emissores internacionais, o ecossistema brasileiro já conta com iniciativas locais relevantes. O estudo alerta para os riscos de dependência tecnológica e chama atenção para a necessidade de uma política industrial que considere stablecoins como infraestrutura estratégica.
Por que isso importa:
✅ O uso de stablecoins no Brasil já vai além da especulação, com aplicações em pagamentos, remessas e reserva de valor.
✅ A ausência de emissores locais limita a captura de valor, interoperabilidade e alinhamento regulatório.
✅ O momento é propício para discutir modelos públicos e privados de stablecoins interoperáveis com o sistema financeiro nacional.
De Washington a São Paulo, passando por instituições financeiras globais, o que vemos nesta edição é o aprofundamento de uma tendência: stablecoins estão saindo do campo das promessas e se consolidando como infraestrutura crítica da economia digital. O foco não está mais apenas na emissão, mas na governança, interoperabilidade e integração com os fluxos financeiros reais.
Entender quem está construindo, regulando e utilizando essas novas camadas monetárias é entender para onde caminha o sistema financeiro global nos próximos anos.
Nos vemos na próxima edição. Uma ótima semana e até breve.