Stable News
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15 de abr. de 2025
Stable News: Ripple, Mastercard e América Latina
Panorama das stablecoins no mundo institucional, no varejo e nos mercados emergentes
A Stable News é uma curadoria editorial semanal sobre o universo das stablecoins, seus impactos no sistema financeiro e os movimentos que estão moldando essa nova infraestrutura digital. Nesta edição, destaque para a aquisição da Hidden Road pela Ripple, o crescimento das stablecoins lastreadas em ouro, a nova parceria entre Mastercard e Kraken na Europa e o papel crescente da América Latina nesse ecossistema. Também incluímos uma sinalização importante da SEC e um reconhecimento recente recebido por Caio Barbosa, CEO da Lumx, no cenário fintech nacional.
Tempo de leitura: 7 min
Ripple compra Hidden Road e arma o tabuleiro institucional
A Ripple anunciou a aquisição da Hidden Road por US$ 1,25 bilhão, consolidando um dos movimentos mais relevantes do ano para o segmento de stablecoins voltadas ao mercado institucional. A Hidden Road é uma corretora respeitada por bancos e gestoras e opera com estrutura regulatória robusta nos principais mercados. Com a aquisição, a Ripple incorpora acesso direto à infraestrutura que faltava para posicionar de forma séria o RLUSD, sua stablecoin corporativa.
Enquanto a Circle já colheu frutos por estar na frente com o USDC entre empresas, a Ripple vem agora com munição forte para disputar espaço nesse mesmo território. A aquisição permite que a Ripple ofereça não apenas uma stablecoin, mas uma solução integrada de liquidação, custódia e distribuição com lastro institucional. Em um momento em que grandes instituições financeiras buscam alternativas mais controladas para seus fluxos internacionais, o timing não poderia ser mais certeiro.
O que o movimento sinaliza:
✅ O foco agora não é mais emitir uma stablecoin, mas controlar sua distribuição
✅ O RLUSD pode ser o catalisador de uma segunda onda de stablecoins corporativas
✅ A infraestrutura deixa de ser um diferencial e passa a ser um pré-requisito competitivo

Stablecoins de ouro ganham tração em meio à incerteza global
Em um cenário de instabilidade macroeconômica, as stablecoins lastreadas em ouro, como a Paxos Gold (PAXG) e a Tether Gold (XAUT), têm atraído a atenção de investidores que buscam proteção de patrimônio. Essas criptomoedas mantêm paridade com o preço do ouro, oferecendo uma alternativa digital ao investimento tradicional no metal precioso.
Recentemente, tanto a PAXG quanto a XAUT atingiram novas máximas históricas, superando os US$ 3.300, impulsionadas pelo próprio recorde do ouro. A valorização dessas stablecoins foi de 24,15% e 23,7%, respectivamente, durante um período em que o mercado cripto enfrentava quedas significativas.
A capitalização de mercado das stablecoins de ouro ainda é modesta, cerca de US$ 1,4 bilhão, mas o crescimento é notável. No primeiro trimestre de 2025, houve a criação de US$ 42,7 milhões em novas unidades dessas criptomoedas, refletindo o aumento da demanda por ativos digitais estáveis e seguros.
Por que isso importa:
✅ O avanço das stablecoins de ouro revela uma demanda por proteção em ativos digitais que acompanhem o comportamento anticíclico do ouro
✅ Ao combinar a estabilidade histórica do metal com a liquidez e portabilidade da blockchain, essas stablecoins criam uma proposta única de reserva digital
✅ A valorização recente sinaliza que, em tempos de incerteza, investidores buscam alternativas fora do dólar, inclusive dentro do próprio ecossistema cripto
Mastercard e Kraken se unem para impulsionar pagamentos com cripto na Europa
Mastercard e Kraken anunciaram uma parceria estratégica para permitir pagamentos com criptomoedas em milhões de pontos de venda em toda a Europa. O projeto começará pelo Reino Unido e Alemanha, com expansão planejada para outros países da região. A parceria busca aproximar o uso de cripto do dia a dia das pessoas, utilizando stablecoins como ponte entre os ativos digitais e o comércio tradicional.
A iniciativa acontece num momento em que o MiCA, marco regulatório europeu para ativos digitais, começa a ser implementado de fato. O ambiente regulatório mais claro cria espaço para movimentos como esse, que em outros mercados ainda enfrentam insegurança jurídica. É uma vitória para o discurso da normalização da criptoeconomia, onde stablecoins passam a ter papel operacional e não apenas financeiro.
A escolha da Kraken, uma exchange com histórico forte de compliance, também mostra o cuidado na construção de uma narrativa de segurança e confiança para o varejo.
O que esse tipo de integração mostra:
✅ As stablecoins se tornam mais poderosas quando operam em segundo plano, integradas à rotina do usuário
✅ A Europa vira vitrine de integração entre infraestrutura regulada e digital
✅ A adoção de cripto não precisa passar pela cultura cripto

América Latina como epicentro silencioso da adoção de stablecoins
O relatório recente da Coinchange sobre uso de stablecoins em 2024 trouxe dados contundentes sobre o papel da América Latina. A região respondeu por cerca de 9% do volume global de transações com stablecoins, e países como Argentina, Venezuela e Brasil aparecem entre os líderes mundiais em uso per capita.
Por aqui, stablecoins cumprem funções muito distintas das que vemos em mercados desenvolvidos. São ferramentas de proteção contra inflação, reserva de valor em dólar e acesso à economia digital para quem não tem conta bancária. Mas o mais interessante é observar como isso está acontecendo: por meio de interfaces simples, cada vez mais invisíveis, onde o usuário final nem percebe que está usando blockchain.
A infraestrutura regional também evolui. Projetos locais de wallets e plataformas de pagamento estão se expandindo, criando experiências contextualizadas com a realidade dos países. É o tipo de movimento que, apesar de silencioso, molda o futuro da adoção global.
O que esse recorte da região evidencia:
✅ A região opera com naturalidade aquilo que outros países ainda estão teorizando
✅ As stablecoins já são infraestrutura local de sobrevivência econômica
✅ O “modelo LATAM” pode virar referência de aplicação global
Stablecoins não são valores mobiliários, diz SEC
Em declaração recente, a SEC reforçou que stablecoins pareadas ao dólar, por si só, não são consideradas valores mobiliários. Essa sinalização ajuda a reduzir a incerteza regulatória sobre a maioria das moedas estáveis em circulação, especialmente USDC e USDT, que operam com esse modelo simples de reserva 1:1.
A exceção são os chamados tokens com rendimento. Ainda que não tenham sido diretamente classificados como valores mobiliários, a SEC indicou que ativos com expectativa de retorno financeiro, mesmo que por meio de protocolos, podem exigir outra abordagem regulatória. O ponto de atenção aqui está mais no desenho e na comunicação do que na intenção.
O que temos é uma linha mais clara entre stablecoins operacionais e produtos financeiros. A notícia é positiva para emissores que seguem padrões tradicionais, e ajuda o setor a avançar com mais previsibilidade.
O que a sinalização da SEC ajuda a reforçar:
✅ A estabilidade regulatória pode destravar a próxima onda de integrações
✅ O risco jurídico se desloca para os detalhes: estrutura, linguagem, expectativa
✅ Não se trata de evitar yield, mas de ser transparente sobre o que ele representa
A surpresa da semana

No meio desse ritmo intenso que tem marcado as últimas semanas (MERGE, lançamento do Stable Talks, a preparação do nosso webinar e a Brazil Conference em Harvard, que será comentada com mais detalhes na próxima edição), surgiu uma notícia que pegou toda a equipe da Lumx de surpresa e gerou muito orgulho. Caio Barbosa, co-Founder e CEO da Lumx, foi listado como a 16ª pessoa mais influente do Brasil em fintech no LinkedIn, segundo o levantamento da Favikon, que destacou as 100 principais vozes do setor no país.
Estar entre nomes como Cristina Junqueira, Otavio Costa, Paula Bellizia, Reinaldo Rabelo e Bianca Lopes é um marco simbólico, que reflete o impacto coletivo gerado por projetos que vêm sendo construídos com consistência. Ver que uma newsletter focada em stablecoins, além de outras iniciativas como eventos e conteúdos educativos, pode ocupar esse espaço de influência mostra que há espaço real para criar valor mesmo dentro de nichos ainda pouco explorados.
Fica aqui o registro dessa conquista, que ainda que individual na forma, é coletiva no impacto. Seguimos.
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