Stable News
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3 de abr. de 2025
Stable News: Austrália, Deobanks e Binance
Panorama regulatório, inovação financeira e os destaques do Merge Buenos Aires
Nova regulação na Austrália
Recentemente, o governo australiano, liderado pelo Partido Trabalhista de Anthony Albanese, deu um passo firme na regulação de criptoativos. A proposta, que deve virar lei em 2025, exige que exchanges e emissores de stablecoins obtenham uma Licença de Serviços Financeiros Australiana, alinhando o setor às normas de bancos tradicionais. Outro destaque é o compromisso de enfrentar o debanking – a prática em que bancos recusam serviços a empresas cripto, algo que freia a inovação e o acesso ao sistema financeiro. O plano envolve parcerias com os quatro maiores bancos do país e um sandbox regulatório para startups testarem soluções sem o peso total das licenças.
Em um cenário de crise de custo de vida, a Austrália busca equilibrar proteção ao consumidor com o potencial econômico da tecnologia. Para líderes do setor, como Jonathon Miller, da Kraken Austrália, isso pode ser um divisor de águas.
Esse modelo regulatório parece uma resposta aos movimentos globais, como o MiCA na União Europeia e a corrida regulatória que vemos em países como EUA, Japão e, agora, Austrália. Acompanhar essas decisões é essencial, não só porque falamos de uma tecnologia que derruba barreiras e conecta o mundo, mas também por essa “reação em cadeia” de clareza regulatória que está se formando – e que, sem dúvida, terá impacto futuro em países como o Brasil, onde a regulação ainda está em construção.
Em resumo, ao olhar para a Austrália, podemos pensar em:
✅ Vantagem competitiva: A isenção para desenvolvedores de blockchain não financeiros pode transformar a Austrália em um polo de inovação técnica, atraindo soluções e parcerias globais.
✅ Força contra o debanking: Resolver o debanking não só ajuda exchanges, mas também incentiva bancos a colaborarem com fintechs cripto, criando pontes para integrar stablecoins ao sistema financeiro tradicional.
✅ Modelo replicável: O sandbox australiano é um teste de como regular sem sufocar; se bem-sucedido, pode pressionar reguladores ao redor do mundo a adotarem abordagens similares, beneficiando outros mercados.

Wyoming se prepara para lançar uma stablecoin estatal
Wyoming, um estado conhecido por sua abordagem pioneira em criptoativos, está prestes a lançar a Wyoming Stable Token (WYST), prevista para julho de 2025. Será a primeira stablecoin emitida por uma entidade pública nos EUA, lastreada em dólar com reservas como títulos do Tesouro de curto prazo, geridas pela Wyoming Stable Token Commission.
O plano é usar blockchains públicas com interoperabilidade via LayerZero para pagamentos rápidos e baratos – de cidadãos a empresas. Joel Revill, comissário da iniciativa, destaca que a WYST não é uma moeda, mas “uma expressão digital de um dólar totalmente reservado”, mirando reforçar o domínio do dólar americano. O lançamento, que passou de maio para julho devido a ajustes técnicos, reflete a ambição de Wyoming de liderar a implementação prática de ativos digitais.
Mas nem todos estão a bordo: críticos como o congressista Tom Emmer chamam a WYST de “CBDC disfarçada”, temendo vigilância estatal, enquanto defensores como Anthony Apollo veem um futuro de transparência e eficiência.
Ainda que dividindo opiniões e sendo necessário entender como se dará o tratamento de dados e informações dos usuários, esse movimento parece refletir os impactos do GENIUS Act, como comentado em outras edições, representando para Wyoming:
✅ Liderança prática: Wyoming passa de políticas cripto-friendly a um teste real, podendo inspirar outras jurisdições a explorarem stablecoins públicas.
✅ Aposta na interoperabilidade: Usar blockchains públicas com LayerZero posiciona Wyoming como um laboratório para pagamentos digitais globais, testando como stablecoins podem fluir entre redes distintas.
✅ Benefício público: Lucros dos juros irão para escolas locais, mostrando como stablecoins podem gerar valor social direto.
Deobanks: stablecoins impulsionam uma nova categoria de instituições
As stablecoins estão impulsionando uma nova onda no ecossistema financeiro: os deobanks, ou bancos descentralizados. Diferente dos bancos tradicionais, que operam com infraestrutura centralizada e moedas fiat, essas plataformas usam stablecoins como USDC em blockchains públicos para oferecer serviços como contas digitais, transferências e até microcrédito.
A mágica está nos smart contracts, que substituem intermediários por regras automáticas, permitindo transações rápidas e transparentes. Em regiões onde o acesso ao sistema financeiro é limitado, os deobanks estão testando formas de conectar pessoas ao comércio global usando stablecoins.
É um exemplo de como esses ativos podem ampliar o alcance de soluções financeiras, funcionando como um complemento ao que já existe. Pensar em deobanks é pensar em:
✅ Versatilidade de casos: Stablecoins em deobanks suportam desde pagamentos diários até soluções de microcrédito, mostrando a flexibilidade desses ativos em atender demandas variadas.
✅ Crescimento projetado: Analistas preveem que o mercado de stablecoins passe de US$ 400 bilhões em 2025, e os deobanks podem ser um motor dessa expansão ao atrair novos usuários.
✅ Complemento estratégico: Essas plataformas abrem caminhos para parcerias com o setor financeiro tradicional, unindo a agilidade do blockchain à confiança das instituições estabelecidas.
Binance anuncia delist de stablecoins não conformes ao MiCA
No dia 3 de março, a Binance anunciou uma mudança significativa para usuários do Espaço Econômico Europeu (EEA): a partir de 31 de março de 2025, pares de negociação com stablecoins não conformes ao MiCA – como USDT, FDUSD, TUSD, USDP, DAI, AEUR, XUSD e PAXG – serão deslistados, ou seja, removidos das plataformas.
A decisão segue as diretrizes da União Europeia para regular stablecoins, mantendo apenas pares como USDC e EURI, que atendem às exigências do MiCA. Até o prazo, usuários do EEA podem negociar normalmente, mas depois disso, a Binance vai converter automaticamente saldos e posições em margem para USDC, além de cancelar ordens pendentes. A custódia desses ativos segue permitida, e a conversão para moedas reguladas ou fiat continuará disponível.
É um marco que reflete o peso crescente da regulação no setor e como ela molda o uso das stablecoins globalmente. Inclusive, este já foi um tópico discutido por aqui anteriormente e representa o primeiro grande impacto sentido pelo USDT frente ao USDC, diante do novo "vácuo de poder" criado na Europa.
Em suma, esse movimento rege:
✅ Foco em conformidade: A priorização de stablecoins como USDC e EURI reforça a vantagem competitiva de emissores que já investiram em alinhamento regulatório desde o início.
✅ Pressão global: O MiCA pode acelerar exigências semelhantes fora da Europa, desafiando stablecoins não reguladas a se adaptarem ou perderem relevância.
✅ Liquidez redirecionada: A conversão forçada para USDC pode se tornar uma vantagem competitiva, posicionando-a como a stablecoin dominante no continente e estabelecendo uma nova prática padrão no mercado do EEA.

Uma semana na Argentina
Como já comentamos em outras edições, a última semana foi marcada por uma grande imersão da Lumx diretamente em Buenos Aires, onde participamos de uma série de atividades que mantiveram nossas agendas bastante movimentadas. Tudo isso como parte do Merge Buenos Aires, um evento que reuniu boa parte do ecossistema cripto na capital argentina para aprofundar o diálogo sobre o presente e o futuro dos criptoativos na América Latina.
É difícil condensar em poucas palavras uma semana tão rica em aprendizados, conexões e descobertas. Mas a seguir reunimos os principais pontos observados e debatidos por lá, para que você possa ter uma ideia do que foi esse momento:
A realidade LATAM: De modo geral, o Merge foi pensado para aproximar os ecossistemas da Europa e da América Latina. Isso se refletiu na presença de grandes nomes internacionais e na oportunidade de mostrar à comunidade europeia nossas vantagens, desafios e características específicas, tanto regionais quanto nacionais. Em troca, absorvemos experiências valiosas, especialmente no campo regulatório, onde o velho continente já caminha com mais maturidade.
Presença institucional: Ao contrário de muitos eventos onde a comunidade cripto nativa domina, o Merge apresentou uma composição diferente. Protocolos e empresas Web3 dividiram espaço com representantes do mercado tradicional — incluindo bancos, fintechs e órgãos institucionais da Argentina — o que trouxe um tom mais corporativo e estratégico às discussões.
Qualidade acima de quantidade: A curadoria do evento foi um ponto alto. Com uma programação enxuta e desenhada para oferecer conteúdo real e relevante, o evento contou com nomes de peso como a Câmara Fintech Argentina, Fabio Araújo (do Banco Central do Brasil), além de equipes da Metamask Card, Arbitrum, Circle, entre outros. Os side-events também mantiveram esse padrão, sendo diversos, mas sempre com foco e participantes com quem valia a pena trocar ideias.
Pautas reais: Enquanto muitos eventos internacionais ainda gastam tempo demais em teorias e visões abstratas, o Merge mostrou um ecossistema mais pragmático. Os painéis giraram em torno de casos de uso já on-chain, dados de mercado e experiências práticas. O foco estava nos builders, nas soluções reais e nos aprendizados de quem está operando no dia a dia.
Temas que dominaram as discussões: Ainda que vários assuntos tenham surgido, três grandes tópicos acabaram se destacando: pagamentos e stablecoins, adoção institucional de soluções cripto e regulamentação. Esses temas ganharam espaço em praticamente todas as conversas e, pelo visto, devem continuar em alta nos próximos encontros do setor.
Esse foi apenas um recorte de uma semana intensa, que teve como ponto alto também o Stable Connect — side-event proprietário da Lumx, realizado em parceria com nomes como Sphere, Arex Activos Digitales, Utila e Sumsub. A presença massiva e o alto nível das trocas que aconteceram por lá são, para nós, um termômetro claro do interesse crescente pelo tema das stablecoins na região.
Fica aqui o registro de um momento que marcou a nossa trajetória — e que, esperamos, seja o primeiro de muitos.

A Stable News continua acompanhando os principais marcos do setor. Do avanço regulatório na Austrália aos testes institucionais em Wyoming, passando por novas estruturas como os deobanks e as decisões regulatórias na Europa, os sinais são claros: as stablecoins estão se consolidando como uma camada essencial da nova infraestrutura financeira global.
Agradecemos a sua leitura. Nos vemos na próxima edição!
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